Valência, Espanha (16 de Novembro de 2007)
As principais conclusões do quarto encontro do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC), destinado aos dirigentes do mundo e que fala em perdas irreversíveis ao meio ambiente.
Entre alguns exemplos, estão o derretimento do gelo nas calotas polares, a desertificação rápida de zonas actualmente ocupadas por florestas e o aumento em grandes percentuais do efeito estufa.
A desertificação da Amazónia e o arrefecimento da Europa são algumas das alterações possíveis citadas pelo relatório que também prevê a ocorrência de alterações repentinas - como ondas de extinção.
O novo documento foi divulgado oficialmente adoptado neste sábado, em Valência, Espanha.
Os especialistas do IPCC, patrocinados pela ONU, pedem mais eficiência no uso da energia em prédios, casas, nos automóveis, defendendo as variedades técnicas - energia solar ou nuclear, consideradas mais limpas.
AVALIAÇÃO CIENTÍFICA:
- A mudança climática é "irreversível" e as emissões de gases de efeito estufa provocadas pelas actividades humanas (principalmente pelo gás, o carvão e o petróleo) são responsáveis (em 90%) pelo aumento das temperaturas nos últimos 100 anos
(+0,74º C).
O CO2 lançado até agora pelas actividades humanas permanecerá ainda por muitos anos na atmosfera, com efeitos para o clima global.
- A temperatura mundial deve aumentar entre 1,1 e 6,4°C em relação a 1980-1999 até 2100, com um valor médio seguramente compreendido entre 1,8 e 4°C.
O aquecimento será mais importante nos continentes e nas latitudes mais elevadas.
- O nível dos oceanos poderá, segundo as previsões, subir de 0,18 m a 0,59 m no final do século, em relação ao período 1980-1999.
- Os calores extremos, ondas de calor e fortes chuvas continuarão sendo mais frequentes e os ciclones tropicais, tufões e furacões, mais intensos.
- As chuvas serão mais intensas nas latitudes mais elevadas, mas diminuirão na maioria das regiões emersas subtropicais.
- O aumento da temperatura foi duas vezes mais importante no Pólo Norte do que na média mundial nos últimos 100 anos, provocando o derretimento acelerado da camada de gelo.
PRINCIPAIS IMPACTOS:
- "A mudança climática de origem antropogénica (origem humana) e suas consequências podem ser repentinas e/ou irreversíveis".
- Inúmeros sistemas naturais já estão afectados e os mais ameaçados são a tunda, as florestas setentrionais, as montanhas, os ecossistemas mediterrâneos e as regiões costeiras.
- Até 2050, a disponibilidade de água deve aumentar nas latitudes elevadas e em certas regiões tropicais húmidas, mas a seca deve intensificar-se nas regiões já afectadas.
- 20 a 30% das espécies vegetais e animais estarão ameaçadas de extinção se a temperatura mundial aumentar de 1,5 a 2,5°C em relação a 1990.
- A produção agrícola deve aumentar levemente nas regiões de médias e altas latitudes (frias) se o aumento da temperatura se limitar a menos de 3°C, mas poderá diminuir se ultrapassar esse limite. Nas regiões secas e tropicais diminuirão tão logo ocorra um aumento local das temperaturas de 1 a 2°C.
- A saúde de milhões de pessoas será sem dúvida afectada pela mal nutrição, a morte e as enfermidades vinculadas às ondas de calor, inundações, secas, tempestades e incêndios.
- Nas regiões polares serão reduzidas as zonas geladas e os bancos de gelo. No pólo norte, o gelo poderá desaparecer antes do final do século XXI.
- O aumento do nível do mar ameaçará as pequenas ilhas.
- Na Europa, as inundações, a diminuição da camada de neve e as ondas de calor colocarão em perigo inúmeras actividades económicas.
ADAPTAÇÃO E POSSÍVEIS SOLUÇÕES:
- De 1970 a 2004, a emissões de gases de efeito estufa, responsáveis pela mudança climática, aumentaram 70% e, inclusive, 80% no caso do dióxido de carbono (CO2), o mais importante deles.
- Todos os sectores económicos estão envolvidos na redução dessas emissões até 2030.
- As medidas susceptíveis de limitar o aquecimento climático entre +2ºC e +2,5ºC, até 2100 em relação a 1990, terão um impacto inferior em menos dos 3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2030.
- As energias renováveis terão um papel cada vez mais importante depois de 2030, assim como as reservas de CO2. A actividade nuclear também desempenhará um papel crescente.
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